quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Conferência Internacional Monetária de Bretton Woods

O Acordo da Conferência Internacional Monetária de Bretton Woods, ocorrido em 1944, visava assegurar a estabilidade monetária internacional, impedindo que o dinheiro escapasse dos países e restringindo a especulação com as moedas mundiais. Antes do Acordo, o padrão ouro de troca - que prevaleceu entre 1876 e a Primeira Guerra Mundial - dominava o sistema econômico internacional.

Instituições financeiras gêmeas, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial surgiram em 22 de julho de 1944. Foram criadas por 45 países (Brasil entre eles), já nos estertores da 2.ª Grande Guerra, que se reuniram de 1.º a 22 de julho de 1944, na cidadezinha de Bretton Woods, Estado de New Hampshire, Estados Unidos.

A Conferência de Bretton Woods foi convocada para construir uma nova ordem econômica mundial que impedisse novos cataclismos como os que aconteceram durante a Grande Depressão dos anos 30. Foi uma espécie de antecipação da ONU (fundada em São Francisco no ano seguinte, em 1945) para tratar das coisas do dinheiro. A reunião centrou-se ao redor de duas figuras chaves: Harry Dexter White, Secretário-Assistente do Departamento do Tesouro dos Estado
s Unidos e de Lord Keynes, o mais famoso dos economistas, representando os interesses da Grã-Bretanha, que juntos formavam o eixo do poder econômico da terra inteira.

Acertou-se que dali em diante, em documento firmado em 22 de julho de 1944, na era que surgiria das cinzas da Segunda Guerra Mundial, haveria um fundo encarregado de dar estabilidade ao sistema financeiro internacional bem como um banco responsável pelo financiamento da reconstrução dos países atingidos pela destruição e pela ocupação: o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento, ou simplesmente World Bank, Banco Mundial, apelidados então de os Pilares da Paz.

As crises a evitar deveriam restringir-se a um punhado de países. Por isso, essas instituições nasceram
com objetivos relativamente modestos.

Porém, de 1944 para cá, muita coisa mudou. O padrão-ouro, sobre o qual fora construída a Nova Ordem, foi desmantelado em 1971, o dólar tornou-se a moeda hegemônica de reserva mundial, e os ativos financeiros são hoje centenas de vezes mais importantes que os comerciais.

As crises em conta corrente tornaram-se raras. Para evitá-las, cada país tratou de empilhar reservas, com enormes sacrifícios para o bem estar de sua população. A maior parte dessas reservas constitui-se hoje de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, o que cria novas distorções. É que reservas são sobras de dólares que só podem ser obtidos por meio da formação de superávits comerciais; como n
ão há superávit sem contrapartida de déficit (em outros países), a situação atual está montada sobre desequilíbrios estruturais, justamente o que se pretendeu evitar em Bretton Woods.

Se as crises em conta corrente diminuíam, em compensação, o mundo inteiro ficou vulnerável a buracos negros nas contas de capitais (onde são registrados os fluxos em moeda), com enorme força de contágio global.

A partir dos anos 70, a função preponderante do FMI foi a de ser bombeiro de crises financeiras. O FMI ficou um anão sexagenário diante das novas dimensões da economia mundial. Seus ativos não passam de US$ 330 bilhões. Se tivessem hoje o tamanho do seu início, seriam da ordem de US$ 1 trilhão.

Organização das Nações Unidas

Em 1945, representantes de 50 países reuniram-se em San Francisco, nos Estados Unidos, na Conferência das Nações Unidas para uma Organização Internacional. No encontro, foi elaborado um rascunho da Carta das Nações Unidas. A Carta foi assinada em 26 de junho de 1945, e ratificada por 51 países em 24 de outubro de 1945.

Seu formato, porém, começou a ser discutido pelas grandes potências nas conferências aliadas realizadas a poucos anos antes. A expressão “Nações Unidas”, cunhada pelo presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), foi utilizada pela primeira vez na “Declaração das Nações Unidas”, em 1º de janeiro de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, quando representantes de 26 nações expressaram a intenção de continuar lutando contra os países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália). Dois anos depois, líderes da China, da União Soviética, do Reino Unido e dos Estados Unidos esboçaram uma proposta de estatuto para uma organização internacional de países.

Antes mesmo de ser constituída oficialmente a organização, realizou-se na cidade de Bretton Woods, nos Estado de New Hampshire, nos EUA, a Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, em 01/07/1944, tendo em vista as questões econômicas relacionadas ao final da Segunda Guerra Mundial e ao pós-guerra. Na mesma linha, realizou-se em Washington, em 21/08/1944, a Conferência para a Organização da Paz no Mundo do Pós-Guerra.

Pensada como um sucedâneo da Liga das Nações, a ONU foi criada com os objetivos principais de salvaguardar a paz mundial, proteger os direitos humanos, fomentar direitos iguais para todos os povos e melhorar os padrões de vida no mundo. Seu principal órgão é o Conselho de Segurança, hoje formado por dez membros não-permanentes e cinco membros permanentes com direito de veto - Estados Unidos, União Soviética, Grã-Bretanha, França e China. Há ainda a Assembléia Geral, que se reúne uma vez por ano, constituída por todos os Estados-membros; a Secretaria Geral, que é o principal órgão administrativo, chefiada por um representante escolhido pelo conjunto dos membros da Organização; o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, a Corte Internacional de Justiça e agências especiais.

A missão da ONU parte do pressuposto de que diversos problemas mundiais – como pobreza, desemprego, degradação ambiental, criminalidade, Aids, migração e tráfico de drogas – podem ser mais facilmente combatidos por meio de uma cooperação internacional. As ações para a redução da desigualdade global também podem ser otimizadas sob uma coordenação independente e de âmbito mundial, como as Nações Unidas.

Atualmente, as Nações Unidas e suas agências investem, em forma de empréstimo ou doações, cerca de US$ 25 bilhões por ano em países em desenvolvimento. Esses recursos destinam-se a proteção de refugiados, fornecimento de auxílio alimentar, superação de efeitos causados por catástrofes naturais, combate a doenças, aumento da produção de alimentos e da longevidade, recuperação econômica e estabilização dos mercados financeiros. Além disso, a ONU ajuda a reforçar o regime democrático em várias regiões, e já apoiou mais de 70 eleições nacionais. As Nações Unidas foram catalisadoras e promotoras de um grande movimento de descolonização, que levou à independência de mais de 80 países.

Fique por dentro:
No âmbito das Nações Unidas, são produzidos vários documentos jurídicos, sobre os mais diversos temas – de direitos políticos da mulher até escravatura, de direito penal internacional à preservação da diversidade biológica, de proibição de armas químicas a direitos das crianças. Os instrumentos mais comuns para expressar a concordância dos Estados-membros sobre temas de interesse internacional são acordos, tratados, convenções, protocolos, resoluções e estatutos.
O termo acordo é usado, geralmente, para caracterizar negociações bilaterais de natureza política, econômica, comercial, cultural, científica e técnica. Acordos podem ser firmados entre países ou entre um país e uma organização internacional. Tratados são atos bilaterais ou multilaterais aos quais se deseja atribuir especial relevância política.

A palavra convenção costuma ser empregada para designar atos multilaterais, oriundos de conferências internacionais e que abordem assunto de interesse geral.
Protocolo designa acordos menos formais que os tratados. O termo é utilizado, ainda, para designar a ata final de uma conferência internacional. Resoluções são deliberações, seja no âmbito nacional ou internacional. Estatuto é um tipo de leis que expressa os princípios que regem a organização de um Estado, sociedade ou associação.

Fonte: http://www.unificado.com.br/calendario/07/bretton.htm

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A ordem geopolítica internacional "Bipolar"


As décadas do pós 2ª guerra mundial, viram o surgimento de um período sem precedentes na história da humanidade. De 1947 (lançamento da doutrina Trumman) á 1989 (queda do muro de Berlim), o mundo viveu o período conhecido como "Guerra Fria", no qual dois países hegemonizaram o poder mundial. EUA e URSS foram as superpotências do período e o mundo todo passou a orbitar em torno desses dois países.
A Guerra Fria se ergue a partir do fim da 2ª guerra mundial, com a destruição da Europa e a decadência das tradicionais potências européias. A partir das conferências do pós guerra a bipolarização do espaço começa por materializar-se na própria Europa, onde a parte oriental desse continente passa a orbitar em torno da URSS, e a parte ocidental em torno dos EUA.
A grande divergência da Guerra Fria não esteve na economia, mas sim no marco ideológico, onde tínhamos de um lado os EUA claro representante da ordem mundial capitalista, e de outro lado a URSS, que representava o socialismo. As divergências ideológicas entre os dois países, acabaram gerando também divergências militares, que resultaram no que se chamou de "corrida armamentista", com o desenvolvimento de arsenais de destruição em massa (incluindo bombas atômicas), o que levou alguns a acreditarem que uma guerra real entre as duas superpotências poderia representar a destruição de todo o planeta, e a criação de organizações militares a fim de defender os interesses de ambos os lados, os EUA e seus aliados criaram em 1949 a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), e a URSS junto com os países do leste europeu criaram em 1955 o Pacto de Varsóvia. Mas, apesar de toda tensão gerada pela corrida armamentista, na realidade uma guerra direta entre os dois nunca ocorreu, ocorreram sim muitos conflitos indiretos, onde ora um, ora outro, estavam envolvidos, como a Guerra da Coréia, do Vietnã, a ocupação do Afeganistão, etc. As ditaduras militares na América Latina são parte da história da Guerra Fria nas quais houve uma clara participação dos EUA, afim de colocar governos pró-EUA no poder.
Além da corrida armamentista, travou-se também entre as duas superpotências uma guerra de propaganda, onde cada um dos lados procurava denegrir o outro e exaltar a si próprio.

Os maiores símbolos da Guerra Fria

Sem sombra de dúvidas os maiores símbolos da Guerra Fria, foram a bipartição da Alemanha e o Muro de Berlim, pois eles representaram a clara divisão existente no mundo entre o capitalismo e o socialismo, ou seja entre os interesses dos EUA e da URSS.
A Alemanha, grande derrotada na 2ª guerra mundial, foi ao fim desse conflito divida em quatro zonas de ocupação entre os 4 grandes vencedores da guerra, dessa divisão surgiram a duas Alemanhas, na parte oriental uma Alemanha sobre influência da URSS, que passou a se chamar República Democrática Alemã, com capital em Berlim Leste; e na parte ocidental surgiu República Federal da Alemanha, com capital na cidade de Bonn.
Na cidade de Berlim, que também havia sido dividida em quatro zonas de ocupação ao fim da guerra, foi construído a mando dos soviéticos em 1961, um muro que passou a dividir a parte ocidental capitalista, da parte oriental socialista, passando a se tornar o maior de todos os símbolos da Guerra Fria, esse muro só viria a ser derrubado em 1989, quando o regime socialista soviético e de todo o leste europeu, passou a ruir.

A reordenação política e econômica do espaço mundial

a) A reordenação política: No pós 2ª Guerra Mundial ocorreu a tentativa de reorganização da ordem econômica e política do espaço mundial. No campo das relações políticas, foi criada a Organização das Nações Unidas, a ONU, em 1945 na Conferência de São Francisco nos EUA. Essa organização surgiu com objetivo, segundo sua carta de princípios, de preservar a paz e a segurança no mundo, além de promover a cooperação internacional para a resolução de problemas econômicos, sociais, culturais e humanitários, ela tem sua sede em Nova Iorque nos EUA.
A ONU é constituída de vários organismos, dentre os quais os dois mais importantes são: a Assembléia Geral e o Conselho de Segurança.
Na Assembléia Geral estão presentes as delegações de todos os países membros. Ela reúne-se anualmente ou em casos de emergência, mas não tem poder de decisão sobre questões de segurança e cooperação internacional, apenas pode fazer recomendações ao órgão principal que é o Conselho de Segurança.
O Conselho de Segurança, por sua vez é o organismo mais importante da ONU, pois ele tem poder de decisão. Ele é constituído por 15 países, dos quais 10 são eleitos a cada dois anos, e 5 são permanentes (EUA, Reino Unido, França, China e Rússia, antes URSS), esses 5 tem também o poder de veto, ou seja, a ONU só atua se houver consenso entre eles, o que durante a Guerra Fria era quase impossível, devido aos interesses conflitantes entre as superpotências.
A partir das comemorações de 50 anos de fundação da ONU, iniciou-se uma campanha pela ampliação do número de membros permanentes no Conselho de Segurança, países como Japão, Alemanha, Brasil, África do Sul e Índia, reivindicam um lugar nesse organismo.
b)
A reordenação econômica: No plano econômico, foi realizada nos EUA a conferência de Bretton Woods em 1944, onde a potência norte-americana se valendo do fato de ter acumulado com o conflito cerca de metade da riqueza mundial impôs as regras do jogo. As principais medidas tomadas na conferência foram: a criação do padrão monetário dólar-ouro, em substituição do padrão ouro, vigente até aquele momento, e a criação de organismos internacionais importantes como Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), conhecido também como Banco Mundial, e do Fundo Monetário Internacional (FMI), ambos com sede em Washington nos EUA o que já demonstra a influência dos EUA nesses organismos.
Essas medidas visavam a reconstrução da economia mundial capitalista, mas com o acirramento da Guerra Fria, para garantir o sucesso da doutrina Trumman, os EUA lançou em 1947 o plano Marshall, a fim de reconstruir os países europeus destruídos pela guerra, e o Plano Colombo, na década de 50 para estimular o desenvolvimento dos países do sul e sudeste asiático.
Por sua vez a URSS criou o COMECON (Conselho de assistência Econômica Mútua), organização que tinha por objetivo estimular o desenvolvimento dos países socialistas aliados da URSS, através de ajuda dada por esse país, como o que aconteceu com CUBA.

A regionalização do espaço mundial no período da Guerra Fria

A regionalização do espaço mundial sempre foi uma preocupação da geografia. A regionalização do espaço mundial mais tradicional que tem sido a muito tempo utilizada é aquela que divide o mundo em continentes, tendo por base os aspectos físicos , ou os aspectos histórico culturais.
Durante a Guerra Fria, duas formas de regionalização do espaço mundial foram muito utilizadas:
• A
divisão Leste X Oeste: criada em função da localização geográfica das superpotências. Tinha no Oeste o bloco de países capitalistas, alinhados aos EUA, e no Leste o bloco de países socialistas, alinhados a URSS. Na Europa se deu a clara materialização dessa regionalização onde existia a chamada "Cortina de ferro", separando a Europa Ocidental da Oriental. Mesmo aqueles países localizados no Oeste que se alinhavam a URSS, eram agrupados no Leste, assim como o inverso também ocorria.
• Os
três mundos: essa regionalização foi criada a partir do artigo escrito por um jornalista francês chamado Alfred Sauvy, no qual o mundo seria como a França antes da Revolução Francesa, dividida em 3 estados. Para Sauvy, o mundo pós-2ªGuerra estaria dividido em três, sendo :
a)
Primeiro mundo: constituído pelos países capitalistas desenvolvidos, como, EUA, Canadá, países da Europa Ocidental, Japão, Austrália e Nova Zelândia.
b)
Segundo mundo: constituído pelos países socialistas, como, URSS, países do Leste Europeu.
c)
Terceiro mundo: constituído pelos países subdesenvolvidos, como, países da América Latina, da Ásia, da África.
Durante a Guerra Fria, alguns chegaram a falar em um quarto mundo, que seria constituído pelos países mais pobres do mundo de economia basicamente primária, e com profundos e caóticos problemas sociais.

O fim da velha ordem bipolar

Desde a queda do muro de Berlim, em 1989, um dos assuntos mais discutidos, na imprensa e nos círculos acadêmicos, é a emergência de uma "nova ordem mundial". O termo foi lançado por George Bush, presidente dos EUA, de 1989 a 1992. Trata-se de um arranjo geopolítico e econômico internacional que permeia as relações entre os países.
A nova ordem mundial apresenta basicamente duas facetas, uma geopolítica e outra econômica. Na geopolítica, a grande mudança foi o fim da Guerra Fria e, portanto, da bipolarização de poder entre as duas superpotências e dos blocos por elas comandados. Na economia, os fatos novos são o processo de globalização e a tendência de formação de blocos econômicos regionais.
Desde 1989, a humanidade tem assistido perplexa a uma série de acontecimentos, até então impensáveis. A queda do Muro de Berlim era um fato inimaginável, pelo menos a curto prazo, da mesma forma que a reunificação da Alemanha, ocorrida em 1990.
Em julho de 1991, outro símbolo da Guerra Fria desapareceu. Reunidos em Praga, na então Tcheco-Eslováquia, representantes dos países membros do Pacto de Varsóvia formalizaram a sua dissolução. Era o fim do conflito Leste x Oeste. Esses pontos cardeais deixavam de Ter uma conotação ideológica e retomavam seu significado intrinsecamente geográfico.
Finalmente, em dezembro de 1991, foi selada a desagregação política e territorial da URSS. Era o fim do império vermelho da Rússia, o presidente Boris Yeltsin reuniu-se com os chefes de Estado da Ucrânia e Belarus. Nesse encontro, foi firmado o Acordo de Minsk, criando a Comunidade de Estados Independentes (CEI) em substituição da extinta URSS. Composta por doze ex-repúblicas soviéticas, a CEI não é um Estado, mas um acordo econômico e geopolítico entre Estados independentes.
Depois de todos esses acontecimentos, pode-se afirmar que a Guerra Fria chegou ao fim; no entanto, permanecem tensões nas relações entre as atuais potências do mundo, que continuam investindo em seu poder militar.


Fonte: http://pessoal.educacional.com.br
Imagem: http://bielleite.files.wordpress.com/2009/09/berlim5.jpg

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO


No final do século passado, o matemático francês Henri Poicaré referiu-se à sociologia como ciência de muitos métodos e poucos resultados. Ao que tudo indica, atualmente poucos duvidam dos resultados alcançados pela sociologia. A sua realidade é atestada pelas inúmeras pesquisas dos sociólogos, pela sua presença nas universidades e empresas e nos organismos estatais. Ao lado desta crescente presença da sociologia no nosso dia-a-dia, continua porém chamando a atenção de todos os que se interessam por ela os freqüentes e acirrados debates travados em seu interior sobre o seu objeto de estudo e seus métodos de investigação.
A falta de um entendimento comum entre os sociólogos sobre a sua ciência possui, em boa medida, uma relação com a formação de uma sociedade dividida pelos antagonismos de classe. A existência de interesses opostos na sociedade capitalista penetrou e invadiu a formação da sociol
ogia. Este contexto histórico influenciou enormemente suas visões sobre como deveria ser analisada a sociedade, o que refletiu também no conteúdo político de seus trabalhos. Este antagonismo deu origem ao aparecimento de diferentes tradições sociológicas ou distintas sociologias como afirmam alguns sociólogos.
Não podemos esquecer que a sociologia surgiu num momento de grande expansão do capitalismo e por isto mesmo alguns sociólogos otimistas assumiram, diante da sociedade capitalista nascente, que os interesses e os valores da classe dominante eram representativos do conjunto da sociedade e que os conflitos entre as classes sociais eram passageiros.

Os conservadores chamados de “profetas do passado” construíram suas obras contra a herança dos filósofos iluministas. Não eram intelectuais que justificavam a sociedade por suas realizações políticas ou econômicas. Ao contrário, a inspiração do pensamento conservador era a sociedade feudal, com sua estabilidade e acentuada hierarquia social. Não se interessavam em defender uma sociedade moldada nos princípios defendidos pelos iluministas nem um capitalismo que se transformava mostrando sua faceta industrial e financeira. O fascínio que as sociedades da Idade Média exercia sobre estes pensadores conferiu-lhes e às suas obras um forte sabor medieval. Por interesse direto, alguns deles eram defensores ferrenhos das instituições religiosas, monárquicas e aristocráticas em franco processo de desmantelamento.

As idéias dos conservadores eram um ponto de referência para os pioneiros da sociologia, interessados na preservação da nova ordem econômica e política que estava sendo implantada. Adaptando, inclusive, algumas concepções dos “profetas do passado” às novas circunstâncias históricas, pela impossibilidade total de retorno ao passado.
É entre os autores positivistas, como Saint-Simon, Auguste Comte e Emile Durkheim, que as idéias dos conservadores exerceriam uma grande influência. É comum encontrarmos a inclusão de Saint-Simon (1760-1825) entre os primeiros pensadores socialistas. Foi considerado o “mais eloqüente dos profetas da burguesia”, um grande entusiasta da sociedade industrial. Todavia, entendia que o problema da restauração da ordem devia ser enfrentado, porque a sociedade francesa pós-revolucionária parecia-lhe “perturbada” pois nela reinava um clima de “desordem” e de “anarquia”.

Saint-Simon acreditava que a nova época era a do industrialismo, que trazia consigo a possibilidade de satisfazer todas as necessidades humanas e constituía a única fonte de riqueza e prosperidade. Percebeu que no avanço que estava ocorrendo no conhecimento científico havia uma grande lacuna, nesta área do saber, qual seja, a inexistência da ciência da sociedade. Admitia, mesmo tendo uma visão otimista da sociedade industrial, a existência de conflitos entre os possuidores e os não possuidores.

Várias das obras de Saint-Simon seriam retomadas por Auguste Comte (1798-1857) seu secretário particular, pensador menos original, embora mais sistemático que Saint-Simon, a quem deve suas principais idéias. A motivação da obra de Comte repousa no estado de “anarquia” e de “desordem” de sua época histórica. Segundo ele as sociedades européias encontravam-se em um verdadeiro estado de caos social. Entendia que se as idéias religiosas não teriam mais forças para reorganizarem a sociedade, muito menos as idéias dos iluministas. Era extremamente impiedoso no ataque a esses pensadores, a quem chamava de “doutores em guilhotina”, vendo em suas idéias o “veneno da desintegração social”. Para ele, para haver coesão e equilíbrio na sociedade, seria necessário restabelecer a ordem nas idéias e nos conhecimentos, criando um conjunto de crenças comuns a todos os homens. Comte considerava como um dos pontos altos de sua sociologia a reconciliação entre a “ordem” e o “progresso”, pregando a necessidade mútua desses dois elementos para a nova sociedade.

Também para Durkheim (1858-1917) a questão da ordem social seria uma preocupação constante. De forma sistemática, ocupou-se em estabelecer o objeto de estudo da sociologia assim como indicar o seu método de investigação. Foi através dele que a sociologia penetrou a Universidade, conferindo a esta disciplina o reconhecimento acadêmico. Sua obra foi elaborada em época de crises econômicas constantes, quando o desemprego e a miséria provocava o acirramento das lutas de classe, com os operários utilizando a greve como instrumento de luta e fundando seus sindicatos.
Vivendo nesta época em que as teorias socialistas ganhavam terreno, Durkheim não poderia ignorá-las, tanto é que em certo sentido, suas idéias constituíam a tentativa de fornecer uma resposta às formulações socialistas. Discordava das teorias socialistas mormente quanto à ênfase atribuída aos fatos econômicos para diagnosticar a crise das sociedades européias. Acreditava que a origem dos problemas não era de natureza econômica, mas originados na fragilidade da moral em orientar adequadamente o comportamento dos indivíduos.

Preocupado em estabelecer um objeto de estudo e um método para a sociologia, Durkheim, dedicou-se a esta questão, salientando que nenhuma ciência poderia constituir-se sem uma área própria de investigação. A sociologia deveria ocupar-se com os fatos sociais que se apresentavam aos indivíduos como exteriores e coercitivos. Isto quer dizer que o indivíduo quando nasce já encontra a sociedade formada criada pelas gerações passadas, cuja organização deverá ser transmitida às gerações futuras através da educação.
O seu pensamento marcou decisivamente e sociologia contemporânea, principalmente as tendências que têm-se preocupado com as questões da manutenção da ordem social. A sua influência fora do meio acadêmico francês começou por volta de 1930, quando, na Inglaterra, dois antropólogos, Malinowski e Radcliffe-Brown, armaram a partir de seus trabalhos os alicerces do método de investigação funcionalista (busca de explicação das instituições sociais e culturais em termos da contribuição que estas fornecem para a manutenção da estrutura social). Nos Estados Unidos, a partir daquela data, as suas idéias começaram a ganhar terreno no meio universitário, exercendo grande fascínio em inúmeros pesquisadores. No entanto, foram dois sociólogos americanos Mertom e Parsons, em boa medida, os responsáveis pelo desenvolvimento do funcionalismo moderno e pela integração da contribuição de Durkheim ao pensamento sociológico contemporâneo, destacando a sua contribuição ao progresso teórico desta disciplina.
A formação e o desenvolvimento do conhecimento sociológico crítico e negador da sociedade capitalista, sem dúvida liga-se à tradição do pensamento socialista, que encontra-se em Marx (1818-1883) e Engels (1820-1903) a sua elaboração mais expressiva. Estes pensadores não estavam preocupados em fundar a sociologia como disciplina específica. A rigor não encontramos neles a intenção de estabelecer fronteiras rígidas entre os diferentes campos do saber, tão ao gosto dos “especialistas” de nossos dias. Eles, em suas obras, interligavam disciplinas como antropologia, ciência política, economia, procurando oferecer uma explicação da sociedade como um todo, colocando em evidência as suas dimensões globais. Seus trabalhos não foram elaborados nos bancos das universidades, mas freqüentemente, no calor das lutas políticas.

A formação teórica do socialismo marxistas constitui uma complexa operação intelectual, na qual são assimiladas de maneira crítica as três principais correntes do pensamento europeu do século passado, tais como, o socialismo, a dialética e a economia política. O socialismo pré-marxista, também denominado “socialismo utópico”, constituía uma clara reação à nova realidade implantada pelo capitalismo, principalmente quanto às suas relações de exploração. Marx e Engels, ao tomarem contato com a literatura socialista da época, assinalaram as brilhantes idéias de seus antecessores sem deixarem de elaborar algumas críticas a este socialismo, a fim de dar-lhe maior consistência teórica e efetividade prática. Assinalavam que as lacunas existentes neste tipo de socialismo possuíam uma relação com o estágio de desenvolvimento do capitalismo da época, uma vez que as contradições entre burquesia e proletariado não se encontravam ainda plenamente amadurecidas.
Atuavam os “utópicos” como representantes dos interesses da humanidade, não reconhecendo em nenhuma classe social o instrumento para a concretização de suas idéias. A filosofia alemã da época de Marx encontrara em Hegel uma de suas mais expressivas figuras. Como se sabe, a dialética ocupava posição de destaque em seu sistema filosófico. A tomarem contato com a dialética hegeliana, eles ressaltaram o caráter revolucionário, uma vez que o método de análise de Hegel sugeria que tudo o que existia, devido às suas contradições, tendia a extinguir-se. A crítica que eles faziam à dialética hegeliana se dirigia ao seu caráter idealista. Assim procuraram “corrigi-la “, recorrendo ao materialismo filosófico de seu tempo.

A intenção e conferir à sociologia uma reputação científica encontra em Max Weber (1864-1920) um marco de referência. Durante toda sua vida, insistiu em estabelecer uma clara distinção entre o conhecimento científico, fruto de cuidadosa investigação, e os julgamentos de valor sobre a realidade.

A busca de uma neutralidade científica levou Weber a estabelecer uma rigorosa fronteira entre o cientista, homem do saber, das análises frias e penetrantes e o político, homem de ação e de decisão comprometido com as questões práticas da vida. Essa posição de Weber, que tantas discussões têm provocado entre os cientistas sociais, constitui, ao isolar a sociologia dos movimentos revolucionários, um dos momentos decisivos da profissionalização dessa disciplina. A idéia de uma ciência social neutra seria um argumento útil e fascinante para aqueles que viviam e iriam viver da sociologia como profissão.

A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e a sua ação como ponto chave da investigação. Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia era a compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das “instituições sociais” ou do “grupo social”, tão enfatizadas pelo pensamento conservador.

FONTE: http://www.brasilescola.com/sociologia/


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O QUE É GLOBALIZAÇÃO ?

























Antes de entender como os países se adaptaram ao processo de globalização, faz-se necessário definir globalização. Não há consenso sobre um conceito fechado do que seja a globalização e sua origem. Pode-se analisar os fatos que colaboraram para os seu desenvolvimento e discutir conceitos defendidos por alguns autores.

Há uma grande discussão que defende que a globalização teve seu início e começou a desenvolver-se de fato, com a empreitada européia em direção aos outros continentes. Outros defendem que começou ainda antes com a expansão do império romano por Alexandre, o Grande.

O Autor Thomas L. Friedman no livro Os Lexos da Oliveira, denomina a globalização como uma vertente da fragmentação da política, que teve seu auge a partir do ano de 1945, com o final da Segunda Guerra Mundial, até 1989, com a queda do muro de Berlim, o que simbolizou o insucesso do Socialismo. O processo de finalização da política bipolar ocorreu em função do final da Segunda Guerra Mundial, que teve seu desenvolvimento baseado em argumentos ideológicos onde havia apenas “um inimigo” a quem se opor. Dessa maneira, a política externa mundial era baseada em princípios e disputas estabelecidas pelos países líderes dos divergentes sistemas econômicos vigentes naquele momento.

A popularização do termo globalização ocorreu em meados de 1980, e rapidamente passou a ser associado aos aspectos financeiros inerentes a esse processo. Dessa forma, o processo de globalização passou a ser considerado como uma constante no mundo moderno. Há que ressaltar que esse fenômeno não se restringe apenas às transações comerciais e termos econômicos, mesmo sendo esses aspectos os principais focos do processo de globalização. Porém, é fato que, além das relações econômicas, esse processo envolve as demais áreas que integram as sociedades, como os âmbitos cultural, social e político.

A globalização é um fenômeno amplamente debatido, porém a compreensão das entradas que esse processo oferece às sociedades não pode ser definida, interpretada ou compreendida sem uma profunda reflexão, uma vez que, de acordo com David Held e Antony McGrew:

“Não existe uma definição única e universalmente aceita para a globalização. Como acontece com todos os conceitos nucleares das ciências, seu sentido exato é contestável. A globalização tem sido (quando os altos dos agentes sociais de um lugar podem ter conseqüências significativas para “terceiros distantes”; como compreensão espaço temporal (numa referencia ao modo como a comunicação instantânea vem desgastando as limitações da distância e do tempo na organização e na interação social); como interdependência acelerada entendida como a intensificação do entrelaçamento entre economias e sociedades nacionais, de tal modo que os acontecimentos de um país têm impacto direto em outros; como um mundo em processo de encolhimento (erosão das fronteiras e das barreiras geográficas a atividade socioeconômica); e, entre outros conceitos, como integração global, reordenação das relações de poder inter-regionais, consciência da situação global e intensificação da interligação inter-regional.”*

A globalização caracteriza-se por um processo de integração global que induz ao crescimento da interdependência entre as nações, objetivando um claro entendimento quanto aos princípios desse processo, concordando com a perspectiva de David Held e Anthony McGrew, para uma clara compreensão o seguinte conceito de globalização será adotado:

“É o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto de mudanças é a integração dos mercados numa “aldeia-global”, explorada pelas grandes corporações internacionais. Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional.

Esse processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informação — telefones, computadores e televisão. As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da lnternet. Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma certa homogeneização cultural entre os países.” *
Uma das nítidas conseqüências do processo de globalização foi o impulso dado a uma transformação nos padrões de interligação mundial, dessa maneira:

“O conceito de globalização denota muito mais do que a ampliação de relações e atividades sociais atravessando regiões e fronteiras. E que ele sugere uma magnitude ou intensidade crescente de fluxos globais, de tal monta que Estados e sociedades ficam cada vez mais enredados em sistemas mundiais e redes de interação. Em conseqüência disso, ocorrências e fenômenos distantes podem passar a ter sérios impactos internos, enquanto os acontecimentos locais podem gerar repercussões globais de peso. Em outras palavras, a globalização representa uma mudança significativa no alcance espacial da ação e da organização social, que passa para uma escala inter-regional ou intercontinental.”*

Esse fenômeno proporciona maior visibilidade à política interna dos países em um cenário global, com maior velocidade na interação social, passando os acontecimentos a ter um impacto não apenas local, mas mundial em um efeito imediato. De acordo com Nestor Garcia Canclini “a globalização denota a escala crescente, a magnitude progressiva, a aceleração e o aprofundamento do impacto dos fluxos e padrões inter-regionais de interação social.” *

A partir disso, todas as esferas da sociedade passam a sofrer influencias oriundas desse processo, integrando aspectos que não possuia na sua gênese.


Texto disponibilizado para uso dos alunos do 3º ano EM - CCEM

Por: Carla Fonseca.
Fonte: http://pt.shvoong.com/social-sciences/
Imagem: http://portaldoestudante.files.wordpress.com/2008/07/louisarmstrong1.jpg

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A terra como sistema

A Terra é um sistema vivo que abriga milhões de organismos, incluindo os humanos, e apresenta delicado equilíbrio para manter a vida. A Geologia é a ciências que estuda a Terra: sua origem, evolução funcionamento e como podemos contribuir para preservar os habitats que sustentam a vida. A Geodiversidade é a natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de ambientes, fenômenos e processos geológicos que dão origem às paisagens, rochas, minerais, solos, águas, fósseis e outros depósitos superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, científico, o educativo e o turístico.

A origem do Universo assim como do Planeta Terra remonta a bilhões de anos. Atualmente, segundo Press et al (2006), a explicação científica mais aceita é a teoria da Grande Explosão (Big Bang), a qual considera que nosso Universo começou entre 13 e 14 bilhões de anos atrás, a partir de uma “explosão” cósmica. Os astrônomos entendem que, a partir deste evento, o Universo expandiu-se e dividiu-se para formar as galáxias e as estrelas. Os geólogos ainda analisam os últimos 4,5 bilhões de anos dessa vasta expansão, um tempo durante o qual nosso sistema solar – estrela que nós chamamos de Sol e os planetas que em torno dela orbitam - formou-se e evoluiu. Os geólogos estudam a origem do sistema solar para entender a formação da Terra.

Embora a Terra tenha se esfriado após um período incandescente, ela continua um planeta inquieto, mudando continuamente por meio de atividades geológicas, tais como terremotos, vulcões e glaciações. Essas atividades são governadas por dois mecanismos térmicos: um interno e outro externo. Mecanismos de tal tipo – como, por exemplo, o motor a gasolina de um automóvel – transformam calor em movimento mecânico ou trabalho. O mecanismo interno da Terra é governado pela energia térmica aprisionada durante a origem cataclísmica do planeta, e gerada pela radioatividade em seus níveis mais profundos. O calor interior controla os movimentos no manto e no núcleo, suprindo energia para fundir rochas, mover continentes e soerguer montanhas.

O mecanismo externo da Terra é controlado pela energia solar – calor da superfície terrestre proveniente do Sol. O calor do Sol energiza a atmosfera e os oceanos e é responsável pelo nosso clima e condições meteorológicas do tempo. Chuva, vento e gelo erodem montanhas e modelam a paisagem e, por sua vez, a forma da superfície da Terra é capaz de provocar mudanças climáticas.

Todas as partes do nosso planeta e suas interações, tomadas juntas, constituem o Sistema Terra. Embora os cientistas que estudam a Terra (ou geocientistas) pensassem, já há algum tempo, em termos de sistemas naturais, foi apenas nas últimas décadas do século XX que eles passaram a dispor de equipamentos adequados para investigar como o Sistema Terra realmente funciona. Dentre os principais avanços, estão as redes de instrumentos e satélites orbitais de coleta de informações numa escala global e o uso de computadores com capacidade suficiente para calcular a massa e a energia transferidas dentro do Sistema Terra. Os principais componentes do Sistema Terra são os internos: Litosfera, Astenosfera, Manto inferior, Núcleo externo e Núcleo interno – o calor interno da Terra energiza estes componentes – e os externos: Atmosfera, Hidrosfera e Biosfera – a energia solar energiza estes componentes.

Embora pensemos a Terra como sendo um único sistema, é um desafio estudála por inteiro, de uma só vez. Ao invés disso, se focarmos nossa atenção em partes do sistema, estaremos avançando no seu entendimento. Por exemplo, nas discussões sobre mudanças climáticas recentes, consideraremos primeiramente as interações entre atmosfera, hidrosfera e biosfera, as quais são controladas pela energia solar.Nossa abordagem sobre a formação dos continentes enfocará as interações entre a crosta e as porções mais profundas do manto, que são controladas pela energia interna da Terra.

Os subsistemas específicos que encerram elementos característicos da dinâmica terrestre são chamados de geossistemas (Press op.cit). O Sistema Terra pode ser pensado como uma coleção desses geossistemas abertos e interativos (que freqüentemente se sobrepõem). Os geossistemas que operam em escala global são o clima, placas tectônicas e o geodínamo, o qual é responsável pelo campo magnético
terrestre

Sistema das Placas Tectônicas

A Terra é quimicamente zoneada: sua crosta, manto e núcleo são camadas quimicamente distintas que se segregaram desde a origem do planeta. A Terra é também zoneada pela reologia, ou seja, pelos diferentes comportamentos dos materiais ao resistir à deformação. Por sua vez, a deformação dos materiais depende
de sua composição química (tijolos são frágeis; barras de sabão, dúcteis) e da temperatura (cera fria é frágil; cera quente, dúctil). De certa forma, a parte externa da Terra sólida comporta-se como uma bola de cera quente. O resfriamento da superfície torna frágil a casca mais externa ou litosfera (do grego lithos, ”pedra”), a qualenvolve uma quente e dúctil astenosfera (do grego asthene, ”fraqueza”). A litosfera inclui a crosta terrestre e o topo do manto até uma profundidade média de cerca de 100km. Quando submetida a uma força, a litosfera tende a se comportar como uma casca rígida e frágil, enquanto a astesnofera sotoposta flui como um sólido moldável ou dúctil.

De acordo com a notável teoria da tectônica de placas, a litosfera não é uma casca cotínua; ela é quebrada em cerca de 12 grandes “placas” que se movem sobre a superfície terrestre com taxas de alguns centímetros por ano. O movimento das placas é a manifestação superficial da convecção do manto, e nos referimos a todo esse conjunto como o sistema das placas tectônicas. Controlado pelo calor interno da Terra, o material quente do manto sobe onde as placas se separam, e então começa a endurecer a litosfera. À medida que se move para longe desse limite divergente, a litosfera esfria e torna-se mais rígida. Porém, ela pode eventualmente afundar na astenosfera e arrastar material de volta para o manto, nos bordos onde as placa convergem, num processo contínuo de criação e destruição.

Meio Ambiente

Segundo Press op. cit., o habitat humano é uma delgada interface entre a Terra e o céu, onde grandes forças interagem para moldar a face do nosso planeta. As forças tectônicas dentro da litosfera, controladas pelo calor interno das profundezas, geram terremotos, erupções vulcânicas e soerguimento de montanhas. As forças meteorológicas dentro da atmosfera e da hidrosfera, controladas pelo calor do sol, produzem tempestades, inundações, geleiras e outros agentes de erosão. As interações entre os geossistemas globais da tectônica de placas e do clima mantêm um equilibrado ambiente na superfície terrestre e, segundo o qual, a sociedade humana pode prosperar e crescer.

Na verdade, nossos números e atividades estão se multiplicando em taxas fenomenais. De 1930 a 2000, a população mundial cresceu 300%, de 2 para 6 bilhões de habitantes. Nos próximos 30 anos, estima-se que esse total exceda a 8 bilhões. Entretanto, a energia total utilizada aumentou em 1.000% durante os últimos 70 anos e está, agora, subindo duas vezes mais rápido que a taxa de crescimento da população.

Ao longo de toda sua história, o homem tem modificado o meio ambienteatravés do desmatamento, da agricultura, bem como por outros tipos de uso do solo. Entretanto, os efeitos dessas transformações nos tempos antigos eram, comumente, restritos ao habitat local ou regional. A sociedade atual afeta o meio ambiente numaescala inteiramente nova: nossas atividades podem ter conseqüências globais. A magnitude das atuais atividades humanas em relação aos sistemas das placas tectônicas e do clima, que governam a superfície terrestre, pode ser ilustrada por alguns simples dados estatísticos, Press (2006):

* Os reservatórios construídos pelo homem retêm cerca de 30% dos sedimentos transportados pelos rios.
* Na maioria dos países desenvolvidos, obras de engenharia civil removem maior volume de solos e rocha a cada ano, do que todos os processos naturais de
erosão combinados.
* Nos 50 anos após a invenção da refrigeração com gás freon, cloro-flúorcarbonos fabricados pelo homem vazaram de refrigeradores e condicionadores de ar para a estratosfera em quantidade suficiente para danificar a camada de ozônio que protege a superfície terrestre.
* Desde o começo da Revolução Industrial, no início do século XIX, o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis aumentaram a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera em mais de 30%. O dióxido de carbono atmosférico está aumentando numa taxa sem precedentes de 4% por década e, provavelmente, causará expressivo aquecimento global em futuro próximo, provavelmente quando nossos filhos estiverem em idade adulta.

Texto disponibilizado para alunos do 3º ano EM - CCEM